Milanello. 4 de julho de 2022. O centro de treinamento do Milan amanhece ocupado de maneira atípica para o mês. Primeiramente pelo calendário, que obrigou os times do campeonato italiano a encurtarem as férias. É ano de Copa do Mundo, mesmo sem a Itália. Em segundo lugar, mais de 10 anos depois e o Milan volta a abrir uma temporada ostentando a coroa de ser o atual campeão italiano.
Diante dos primeiros sinais do verão na Itália, um grupo de torcedores surge para brindar jogadores e diretoria com camisetas pretas e um megafone. Assim que o barulho finda, Maldini, recém-renovado na posição de diretor de futebol, e Pioli, o treinador campeão, tomam a palavra. Maldini se adianta, não faz rodeio e diz:
Assim que todos chegarem, estaremos concentrados para os objetivos da próxima temporada, que são: vencer a segunda estrela e ser competitivos.
O campeonato italiano, por meio da Lega A, já protagonizou diversos “papelazzos” na atualização do regulamento. Certa vez – e nem faz muito tempo – descobriram um item que simplesmente proibia clubes de utilizarem camisas na cor verde. Mas e o Sassuolo? É óbvio que o detalhe foi desconsiderado e corrigido quase imediatamente após a repercussão.
Todavia, há um tópico bem tradicional e igualmente respeitado de forma incrível e unânime por times, jogadores, torcedores, presidentes e imprensa: a regra de exibição de estrelas. Sim, não é qualquer clube que pode estampar o corpo celeste acima do próprio escudo. Há requisitos bem específicos para ganhar o direito de estampá-lo e que, na temporada 2022-2023, vai elevar o antagonismo do Derby Della Madonnina aos céus.
A regra nem sempre é clara, mas neste caso é bem simples: exibem uma estrela os times que venceram o campeonato italiano 10 vezes. Nas ligas da Europa, ao contrário do equilíbrio observado no albo d’oro do Brasileirão, é comum nos depararmos com clubes com dezenas de taças nacionais. No Brasil, a regra premiaria poucos ou quase ninguém. Na Itália, há poucos.
Nas extremidades do ranking de campeões que buscam estrelas, o Genoa, hoje militando na Serie B, está quase lá: 9 títulos do campeonato italiano. Será que um dia o 10º chegará? Por outro lado, a Juventus já se orgulha com 3, simbolizando os 36 scudetti conquistados. Por fim, finalmente chegamos no ponto principal deste artigo: Milan ou Inter? Com quem ficará a segunda estrela, representando os 20 troféus do campeonato italiano?
Em meio a tantas despedidas de talentos, algo comum em toda janela de transferências da Serie A, os rivais de Milão, os últimos dois campeões nacionais, abrirão a temporada 2022-2023 ostentando 19 títulos cada. Ou seja, basta uma conquista para a tão sonhada modificação do escudo acontecer. E mais: vale lembrar que a partir da próxima edição do torneio poderemos ter uma final de campeonato em 90 minutos, caso os líderes empatem em pontos. Já pensou? Milan x Inter no San Siro valendo taça e segunda estrela?
Talvez Maldini nem precisasse tornar público o objetivo da forma como fez. Levando o foco para a Inter, as chegadas e apresentações em 4 dias seguidos de Lukaku, Asllani, Onana e Mkhitaryan já dizem claramente que a conquista da Copa Itália 2021-2022 não foi suficiente. Fora o fato de rossoneri e nerazzurri se retroalimentaram na obsessão. É como uma final contra um grande rival.
Por fim, é claro que os demais clubes não ficam de fora da disputa. Podemos resumir todos os outros na Juventus, que finalmente quebrou a garrafa de champagne no despacho da barca com alguns jogadores, ao mesmo tempo que prepara a chegada de bons reforços (Pogba?). É possível, sim, que a estrela não vá para Milão.
Todavia, não há outro holofote melhor que este para a temporada 2022-2023 do campeonato italiano. Não é arriscado dizer que o tema seja superior até mesmo que preocupações com Champions League. A obsessão pela segunda estrela já está literalmente na boca dos milanistas antes mesmo da temporada partir. Enquanto a Inter já está (também literalmente) na academia construindo músculos.
Nike ou Puma, Inter ou Milan: quem vai atualizar a camisa em 2023?
Recomendados para você:
Jornalista e admirador de quase tudo que venha da Itália – especialmente gols e comida. Jamais identificado com a cobertura do campeonato italiano, fundou o Golazzo para noticiar, entrevistar e opinar sobre o calcio.