Juventus da Mooca: ‘ter nome da Juve e cor do Torino é sacrilégio para italianos’, diz filho de fundador

O mais novo episódio do podcast do Golazzo traz uma entrevista com Angelo Eduardo Agarelli, filho de um dos fundadores do Juventus da Mooca e atual membro do conselho deliberativo do clube.

Talvez o mais “italiano” dentre os clubes brasileiros, o “Moleque Travesso” tem em suas origens uma conexão curiosa com Juventus, Torino e até mesmo Fiorentina.

A transformação do nome aconteceu, segundo Angelo, que também é autor do livro “Glórias de Um Moleque Travesso”, em um momento da história que o clube precisou abandonar seu nome original, que homenageava a empresa Cotonifício Crespi.

Nem é preciso dizer que o clube paulista é homônimo à vecchia signora italiana. Todavia, optar pelo uso das cores do Torino, o outro time do Derby Della Mole, merece uma explicação. E Angelo a deu:

Na época [1929, ano da promoção para a primeira divisão], não havia ascensão automática para a primeira divisão. Dependia de um convite da APEA (Associação Paulista de Esportes Atléticos).

Só que a APEA não permitia que se disputasse o campeonato principal com o nome de empresa.

O conde Crespi, que havia retornado da Itália há pouquíssimo tempo, tinha assistido a um jogo entre Juventus e Torino. E ficou maravilhado com o futebol apresentado nessa partida.

Ele resolveu, em função disso, atribuir o nome de Juventus. Só que a APEA também não permitia que se usasse cores de times já existentes. As cores da Juventus (preto e branco) já eram usadas por Corinthians e Santos.

Então, o conde resolveu adotar as cores do outro time de Turim, o Torino. Isso, inclusive, para os italianos é um sacrilégio, mas para nós se tornou normal.

Angelo Eduardo Agarelli em entrevista ao Golazzo



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Angelo Agarelli no Juventus
Angelo Agarelli, em evento no Juventus (Clube Atlético Juventus)


Todavia, os conflitos entre nomes e cores não ficam restritos no batismo do Juventus.

Em outro momento da história, o clube precisou mudar temporariamente de cores e nome para disputar um campeonato alternativo.

O curioso é que, diante do novo impasse, o clube apostou em outro time italiano, e novamente um rival da Juve. Desta vez, a Fiorentina.

Até hoje, se repararmos na evolução do escudo do Juventus, há resquícios do viola da Fiorentina. Não há confirmação oficial, mas o tom grená das primeiras versões sofreu pequenas transformações.

A Federação Paulista de Futebol promovia um campeonato amador em São Paulo. Só que o Juventus não poderia jogar como Juventus, senão perderia a filiação à outra federação, a APEA.

Com o mesmo elenco, decidiu por disputar o outro campeonato. O próprio conde resolveu entrar no torneio com o nome de Fiorentino, fazendo alusão à Fiorentina. Tanto é que usou os uniformes meio lilás, meio roxo, que a Fiorentina usa até hoje.

Em 1933, foi muito bem, mas em 1934 foi melhor ainda. Porque foi campeão da capital, inicialmente, e depois do estado. Tanto é que o Juventus está reivindicando que seja reconhecido como campeão paulista.

Uma vez que foi um campeonato promovido pela Federação Paulista de Futebol, que ao longo do tempo veio a se transformar na atual Federação Paulista de Futebol.

Angelo Eduardo Agarelli em entrevista ao Golazzo


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