O noticiário brasileiro esportivo fala de pouquíssima coisa que não seja a venda do Vasco para o grupo 777 partners. O clube carioca está prestes a vender 70% das ações para o grupo americano por R$ 700 milhões. Nas redes sociais, o Genoa, clube italiano que já é administrado pelo 777Partners, deu boas-vindas ao time brasileiro com post na última segunda-feira, 21 de fevereiro.
Com a nova relação entre equipes brasileira e italiana, os olhos dos vascaínos passaram a focar no desempenho do Genoa no campeonato italiano, a fim de descobrir como o mais novo acionista majoritário trata o futebol.
Antes de qualquer coisa, é bom lembrar quais são as credenciais do rossoblù de Gênova. O clube é o primeiro campeão italiano da história, e até hoje um dos maiores vencedores da competição. Com exceção do trio Juventus, Inter e Milan, é o Genoa o grande triunfador da principal competição de futebol da Itália. São 9 taças conquistadas ao longo de mais de 100 anos de história, restando apenas mais 1 para o time finalmente estampar uma estrela no escudo (a cada 10 títulos, estampa-se uma estrela).
Contudo, o passado recente é bem diferente disso. Na década de 2000, o Genoa chegou a ir até para a Serie C, mas retornou para a elite em 2006 e não caiu mais. O problema é que os anos gloriosos não voltaram – muito pelo contrário.
Chegamos à atual temporada com o rossoblù afundado na zona de rebaixamento e praticamente já na Serie B. Até a publicação deste artigo, o clube tinha apenas uma vitória em 26 jogos, pontuação digna da penúltima posição, mas com duas partidas a mais que o lanterna.
Na cronologia de eventos, o 777 Partners assumiu o comando em setembro de 2021. Naquele momento, esse único triunfo já tinha acontecido, o que leva a contestação que o Genoa ainda não venceu um jogo sequer de campeonato italiano desde que foi comprado. A primeira partida desde a assinatura do contrato foi um empate alucinante em casa por 3×3 contra o Hellas Verona. Na ocasião, para brindar os torcedores, os ingressos foram disponibilizados gratuitamente.
No período, de um jeito ou de outro, o grupo foi responsável pela demissão do então técnico Ballardini, que salvou o time do rebaixamento na temporada passada, e pela contratação de Shevchenko, que durou 2 meses e também foi mandado embora. Depois de comandar a seleção da Ucrânia, o ex-jogador também não obteve sucesso e o único triunfo aconteceu na Copa Itália contra a Salernitana, exatamente a lanterna da Serie A.
Na última janela de inverno, o grupo americano foi às compras e contratou não somente o 3º treinador da temporada (o alemão Blessin), como ainda garantiu a chegada de uma barca de mais de 10 novos jogadores. Até o momento, nada disso causou efeito ou benefício. Nos últimos 5 duelos, foram 4 empates e uma goleada de 6×0 sofrida contra a Fiorentina.
Ainda que sem frutos no curto prazo, e com sério risco de rebaixamento, a aquisição do Genoa foi apenas mais uma dentre tantas no campeonato italiano. Na Serie A, já são 9 clubes com donos estrangeiros, a maior parte dos Estados Unidos.
Pensando unicamente no caso 777 Partners e Genoa, a conclusão é que ainda é cedo para avaliação de resultados. Até mesmo exemplos de sucesso nesse tipo de negociação, como Liverpool e PSG, as coisas levaram tempo para apresentação de bons resultados. Por outro lado, o desembarque do grupo americano em Gênova já aconteceu com conhecimento da situação já desastrosa, o que só piorou de maneira evidente com as duas trocas de treinador na mesma temporada. Quanto aos jogadores que chegaram e saíram, o que dá para apontar é uma aposta altíssima na formação de praticamente um time novo, sem o menor entrosamento e com a temporada em andamento – e o rebaixamento se aproximando.
Para saber mais sobre essa mudança e os impactos causados (ou não), assista ao mais novo vídeo publicado no canal do Golazzo:
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Jornalista e admirador de quase tudo que venha da Itália – especialmente gols e comida. Jamais identificado com a cobertura do campeonato italiano, fundou o Golazzo para noticiar, entrevistar e opinar sobre o calcio.