Francesco Acerbi deixou a concentração da seleção italiana após a repercussão do caso de suposto racismo envolvendo Juan Jesus no último final de semana. O zagueiro da Inter tinha acabado de chegar para a reunião com os demais convocados pela Azzurra, mas entrou em acordo com a federação italiana para não integrar o grupo que disputará os próximos jogos durante a data FIFA. A informação veio por meio da própria federação em nota.
Luciano Spalletti, treinador da Itália, convocou Acerbi e outros atletas para a disputa dos amistosos que a Itália fará nos Estados Unidos contra Venezuela e Equador, nos dias 21 e 24 de março. No lugar de Acerbi, o técnico decidiu chamar o também zagueiro Gianluca Mancini, da Roma.
Na nota publicada, a federação fala em comum acordo entre comissão e o atleta na decisão de remover Acerbi da lista original da convocação, ainda que não tenha ocorrido “qualquer intenção difamatória, denegridora ou racista da parte de Acerbi”, conforme o texto publicado.
O jogador de futebol Francesco Acerbi, que chegou esta manhã ao retiro da seleção em Roma, explicou ao técnico Luciano Spalletti e seus companheiros, conforme exige a política interna do Club Italia, sua versão da suposta expressão racista relatada pelo jogador de futebol Juan Jesus durante a partida Inter x Napoli.
Do relato do zagueiro da Inter, enquanto aguardava que o ocorrido fosse reconstruído pela autonomia da justiça desportiva, constatou-se que não houve qualquer intenção difamatória, denegridora ou racista da sua parte. No entanto, foi acordado excluir Acerbi da lista de jogadores convocados para os próximos dois amistosos agendados nos Estados Unidos, para garantir a serenidade necessária à seleção nacional e ao próprio jogador, que regressa hoje ao seu clube.
Com isso, o zagueiro da Roma, Gianluca Mancini, foi convocado.
Nota da federação italiana
Acerbi e Juan Jesus: o que aconteceu?
No último domingo, 17 de março, Inter e Napoli empataram em 1×1 no San Siro, em jogo válido pela rodada 29 do campeonato italiano 2023-2024. Os gols do jogo foram marcados por Darmian e Juan Jesus.
No pós-jogo, o próprio zagueiro brasileiro relatou em entrevista que foi ofendido de forma racista por Acerbi. Em entrevista ao DAZN, Jesus disse que foi chamado de “negro”, mas que a situação foi resolvida em campo após o atleta da Inter pedir desculpas.
Assim que a entrevista foi ao ar, surgiram nas redes sociais imagens do momento no qual Jesus recorre ao árbitro da partida para delatar o ocorrido. Não é possível fazer a leitura labial para determinar o que foi dito pelo brasileiro, mas em dado momento ele indica o emblema da campanha contra o racismo, que está estampado na camisa de ambos os times.
Em outras imagens, é possível ver Jesus e Acerbi discutindo, seguido de um gesto do zagueiro nerazzurro apontado para Thuram, seu companheiro de equipe:
Ainda sem anúncio de investigação ou possíveis punições, restando apenas especulações dos jornais italianos, a Inter emitiu uma nota reconhecendo o ocorrido, mas afirmando que “reserva-se ao direito de consultar o seu jogador o mais rápido possível, a fim de esclarecer a dinâmica exata do que aconteceu na noite passada”.
Algumas horas depois do ocorrido, que segundo o próprio Juan Jesus estava “resolvida” em campo, novos acontecimentos reativaram o desentendimento. Até mesmo o técnico da seleção italiana, Luciano Spalletti foi perguntado a respeito e, em entrevista coletiva, disse ter entendido não se tratar de um caso de racismo.
A repercussão seguiu e o jogador brasileiro utilizou seu Instagram para reclamar da reinterpretação dos fatos, inclusive do próprio Acerbi.
Para mim o assunto foi encerrado ontem em campo com as desculpas do Acerbi e sinceramente teria preferido não voltar a algo tão repugnante como o que tive de sofrer.
Hoje, porém, li declarações de Acerbi que estão totalmente em desacordo com a realidade dos fatos, com o que ele próprio disse ontem em campo e com as provas também mostradas por vídeos e leituras labiais em que me pede perdão.
Então, não. O racismo é combatido aqui e agora.
Acerbi me disse “vai embora preto, você é só um preto”.Após o meu protesto ao árbitro ele admitiu que tinha cometido um erro e me pediu desculpa, acrescentando depois: “para mim, negro, é um insulto como qualquer outro”.
Hoje ele mudou de história e afirma que não houve insulto racista. Não tenho nada a acrescentar.
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Jornalista e admirador de quase tudo que venha da Itália – especialmente gols e comida. Jamais identificado com a cobertura do campeonato italiano, fundou o Golazzo para noticiar, entrevistar e opinar sobre o calcio.