Desde o primeiro jogo da rodada 7 do campeonato italiano, Salernitana 1×2 Lecce, realizado nesta sexta-feira, 16 de setembro, o público está testemunhando a sinalização de um minuto de silêncio antes de cada partida, algo que deve seguir até o domingo. O gesto é apenas uma parte de diversas homenagens que já foram e estão sendo observadas não só dentro dos eventos esportivos, mas em toda a Itália.
Mas o que está acontecendo?
Desde a última quinta-feira, o noticiário da Itália está sendo preenchido quase total e diariamente pela repercussão das chuvas e inundações nas cidades da região das Marche. “Marche” (lida no plural como As Marche) é o nome de uma das 20 regiões que dividem o território italiano. No mapa da “bota”, ela fica na “batata da perna”, próxima à região do Lazio, onde está a capital Roma. Lá ficam as províncias de Ancona, Ascoli Piceno, Fermo, Macerata entre outras, que por sua vez são reduto de times como o próprio Ancona, a Sambenedettese e o Ascoli.
As notícias dão conta de que, em questão de algumas horas da tarde para a noite de quinta-feira, uma chuva fora do comum e que há tempos não acontecia acabou castigando diversas partes da região. O resultado foi o registro de mortes, pessoas desaparecidas e ruas absolutamente tomadas por água. Mesmo as primeiras imagens compartilhadas nas redes sociais ou publicadas pelos jornais já indicavam uma quantidade anormal de água acumulada nas cidades, além do estrago já provocado em carros e casas.
Veja abaixo algumas imagens:
“Chuva de 6 meses em uma tarde”
A agência de notícias Ansa repercutiu o caso das chuvas nas Marche citando as primeiras análises da tragédia climática feitas pelo iLMeteo.it. Segundo o informado:
Uma chuva de 6 meses em uma tarde, um sistema de tempestades nascido no oeste da Sardenha que atravessou o mar, ganhando energia do mar muito quente: como resultado, tempestades torrenciais na cordilheira central dos Apeninos e inundações dramáticas em direção ao Marche.
Estas são as alterações climáticas em curso, com o legado do Verão 2022 muito quente que, devido ao mar morno, deixa a possibilidade de tempestades intensas por pelo menos mais um mês. O Verão 2022 termina oficialmente amanhã com a chegada de ventos muito fortes, mau tempo e um colapso térmico generalizado. Mas, como se viu ontem, o risco de tempestades de verão, devido ao calor acumulado, continuará a nos acompanhar por semanas.
Citação do IlMeteo.it no site da Ansa
Segundo Mario Draghi, premier italiano, são pelo menos 10 mortes confirmadas e 38 feridos em diversas cidades das províncias de Marche, conforme reporta a SKY. Em entrevista ao jornal, o chefe do departamento de proteção civil, Fabrizio Curcio, deu depoimento muito parecido ao relato do site IlMeteo, afirmando se tratar de um “fenômeno de tempestade violento” e que o povo italiano deve “infelizmente se acostumar, pois eventos assim serão recorrentes”.
As próprias partidas do campeonato italiano já indicam e confirmam uma temperatura acima do normal no país. Embora o verão na Itália já seja conhecido internacionalmente como bem quente, com temperaturas chegando a 40º nas cidades, quase todo jogo da Serie A tem recorrido ao cooling break, a famigerada pausa para hidratação.
Minuto de silêncio e homenagem no campeonato italiano
Partiu do próprio Gabriele Gravina, presidente da federação italiana de futebol, a determinação pela prestação de um minuto de silêncio antes dos jogos da Serie A.
Estamos abalados e profundamente tristes com o que aconteceu. O futebol italiano se reúne em torno do povo das Marche e das famílias das vítimas. Somos cidadãos nas alegrias e nas tristezas, por isso o minuto de silêncio que observaremos em todos os campos no fim de semana atesta a proximidade e o respeito para com aqueles que sofrem com a calamidade que atingiu a região de Marche nas últimas horas.
Gravina, presidente da FIGC
Como era de se esperar, times da região (em especial) também emitiram notas de solidariedade às vítimas das chuvas. O Ascoli, do zagueiro brasileiro Botteghin, prestou “condolências às famílias afetadas pela tragédia” e expressou “a máxima proximidade ao povo marchegiano“.
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Jornalista e admirador de quase tudo que venha da Itália – especialmente gols e comida. Jamais identificado com a cobertura do campeonato italiano, fundou o Golazzo para noticiar, entrevistar e opinar sobre o calcio.