Os principais fatores que afetam o crescimento do futebol brasileiro

Os principais fatores que afetam o crescimento do futebol brasileiro
(Reprodução / Youtube CBF)

Não é necessário ser um expert no assunto para notar que há muito tempo o futebol brasileiro não cresce e não empolga como acontecia no passado. Apesar de continuar com um público fiel, cada vez mais percebemos que os torcedores estão escolhendo ídolos internacionais. Mesmo que alguns jogos de competições como o campeonato Brasileiro fiquem lotados, já não há tanta animação em época de campeonatos internacionais como a Copa do Mundo. A verdade é que existem vários fatores que impedem o crescimento do futebol brasileiro. Neste artigo, faremos uma breve reflexão sobre eles.



O momento atual do futebol brasileiro



Nos últimos anos, os brasileiros se decepcionaram com sucessivos fracassos do futebol canarinho nas competições internacionais. A seleção não conquista a Copa do Mundo desde 2002, tendo inclusive passado pelo fatídico vexame do 7 x 1 contra a Alemanha em 2014 (que demorará a ser esquecido). São exatos vinte anos sem levantar o troféu. Se o Brasil não vencer a Copa do Catar, serão 24 anos de jejum até a Copa de 2026 — o maior da história, junto com o período compreendido entre 1970 e 1994. Os clubes também não estão em uma boa situação. A última vez que uma equipe brasileira conquistou o Mundial da Fifa foi em 2012, quando o Corinthians venceu o Chelsea por 1 x 0. De lá para cá, somente equipes europeias venceram o campeonato.



Amadorismo, falta de organização e baixa qualidade



Não é novidade que a qualidade técnica das partidas caiu muito, fazendo com que os jogos não sejam mais interessantes nem mesmo para torcedores fanáticos. Isso é, em parte, culpa de um calendário cheio de jogos, de treinadores pouco preparados e desatualizados, além de vários outros problemas estruturais. 

Não se busca mais a técnica ou a intensidade nos jogos, privilegiando-se um jogo burocrático e marcado por cruzamentos e chutes fortes que acabam deixando as partidas sem graça. Existe um gasto excessivo em contratações de jogadores veteranos (muitas vezes já em declínio no futebol internacional), cujo desempenho não reflete os investimentos.

Por sua vez, a enorme quantidade de clubes no Brasil acaba prejudicando o futebol como um todo. Devido à visão do futebol como um negócio lucrativo, atualmente existe um verdadeiro abismo entre os grandes e os pequenos clubes. Muitas vezes, os pequenos times sequer têm dinheiro para financiar viagens e participar de campeonatos junto com times maiores.

A questão financeira ainda é um dos principais problemas para muitas equipes. Isso poderia ser em parte solucionado com a regulamentação das apostas esportivas, que fazem um grande sucesso atualmente no país. Com a legislação atual, se alguém faz apostas esportivas ou joga bingo online nos cassinos, esses valores acabam indo para os países onde estão sediados os sites. São valores altos, que poderiam ser revertidos ao Brasil e aos próprios clubes caso houvesse uma legislação favorável para isso.



O que fazer para mudar a situação



Para que o futebol brasileiro volte a apresentar o mesmo desempenho do passado, são necessárias mudanças estruturais. Isso deve começar pela própria Confederação Brasileira de Futebol (CBF), entidade máxima do esporte no país. A CBF organiza 17 torneios de alcance nacional e cuida de contratos de publicidade, calendários e logística, mas o que se vê na prática é que seu foco está na Seleção Brasileira. Com isso, o restante do futebol brasileiro acaba sendo deixado de lado.

Uma gestão eficiente como a das ligas existentes na Europa parece ser uma boa opção. Essas ligas, geridas pelos próprios clubes, organizam os campeonatos nacionais, bem como calendários de jogos, contratos de publicidade e direitos de transmissão. Isso garante maior autonomia para os clubes, que têm maior liberdade para tomar decisões. Da mesma forma, a disparidade entre os valores recebidos pelos clubes é muito menor do que no Brasil.

O problema é que esse tipo de gestão está longe da nossa realidade. Ela demanda que as ligas funcionem como empresas, sendo geridas com uma espécie de lógica empresarial – que envolve austeridade fiscal, investimentos em pessoal e em ciência esportiva e foco nos resultados. Isso esbarra na falta de profissionalismo de muitas equipes brasileiras, na maioria das vezes organizadas como associações cujos dirigentes são escolhidos com base em com processos políticos – e não na meritocracia ou aspectos técnicos.

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