Enquanto a Serie A segue potente com jogos cada vez melhores, o torcedor do calcio tem um problema adormecido: a seleção italiana.
O calendário da UEFA mostra que a última vez que a Itália jogou foi em 20 de novembro de 2018. A partida, um amistoso contra os Estados Unidos, se encerrou com um desesperador 1×0. Matteo Politano, da Inter, fez o gol salvador somente aos 49 do segundo tempo.
Embora seja apenas um amistoso, no fim do ano, sem valor algum, ele reproduziu o que aconteceu antes, em jogos mais sérios. A seleção italiana ainda não é um time.
O técnico Roberto Mancini assumiu o comando da Azzurra depois de uma série de decepções. A maior delas foi a Itália ficar de fora da Copa do Mundo 2018, fruto do péssimo trabalho de Giampiero Ventura. Depois de um processo seletivo demorado, que cogitou os nomes de Ancelotti, Lippi e Ranieri, Mancini aceitou o desafio.
No entanto, ainda que o resgate do espírito vencedor tenha sido garantido por meio da renovação, ele ainda não mostrou a cara. Perto daquela Itália que venceu a Copa em 2006, a atual não tem sequer escalação definida, um esquema ou escalação.
Até a publicação desta coluna, a seleção italiana de Mancini havia realizado 9 jogos. O aproveitamento pífio, digno do selo “patético” de Mauro Cézar, é de apenas 33%.
Entre amistosos e jogos válidos pela Liga das Nações da Europa, a Azzurra enfrentou times de todos os níveis. Da fraquíssima Arábia Saudita aos clássicos com Argentina e França. Em nenhum deles houve convencimento. Dentre os encontros com países considerados do primeiro escalão do futebol, o saldo foi de zero vitórias.
Em 9 jogos, nenhum jogador foi capaz de marcar mais de um gol. Óbvio que é preciso levar em consideração que foram muitos convocados – 53, para ser exato. Então, o tempo que cada um teve em campo foi limitado. Mesmo assim, o cenário é bem preocupante para os italianos.
O momento é muito semelhante àquele vivido por Mano Menezes na seleção brasileira. O técnico assumiu em julho de 2010 e foi demitido pela CBF em novembro de 2012. No período, ele convocou um total de 102 jogadores. Já Mancini convocou a metade disso em menos de seis meses de trabalho.
Depois que a Itália ficou oficialmente fora da Copa do Mundo 2018, Buffon chegou a dizer que não se aposentaria da seleção. Contudo, o goleiro decidiu que era, de fato, a melhor decisão e abandonou a Azzurra.
O fato colaborou para Mancini iniciar uma reformulação gigantesca na então escalação dos italianos. De jovens a potenciais naturalizados, a Itália abriu espaço para novos nomes. O problema é que nenhum, ou quase nenhum, vingou positivamente.
É bem verdade que isso toma tempo. No entanto, não é mentira dizer também que convocar 53 jogadores diferentes para 9 jogos torna praticamente impossível entrosar, treinar, praticar e criar um grupo.
O reflexo de tudo isso é uma seleção ainda sem identidade. Um problema seríssimo. Afinal, já foi definido o grupo classificatório da Itália para a próxima Eurocopa.
Jornalista e admirador de quase tudo que venha da Itália – especialmente gols e comida. Jamais identificado com a cobertura do campeonato italiano, fundou o Golazzo para noticiar, entrevistar e opinar sobre o calcio.
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