Editorial

Mascotes dos times italianos: veja a lista completa e origens

Ainda que não sejam tão populares quanto em outros países, os mascotes dos times italianos são parte da história do futebol nacional. A simples existência deles, sejam animais ou criaturas mitológicas, colaborou fundamentalmente para a popularização do campeonato italiano.

Afinal, você consegue pensar na Lazio sem visualizar a águia sobrevoando o Estádio Olímpico? Ou ainda falar do Torino sem imaginar o icônico touro de Turim? Aposto que a resposta é “não” para ambos os casos.

Pois pode não parecer, mas os italianos valorizam muito os mascotes e símbolos. Quase tanto quanto as cores e escudos dos times. Para eles, os personagens acabam ajudando a pintar a identidade dos clubes.

Os mascotes mais conhecidos são:

É bem comum ver torcedores (para o bem e para mal) usando os mascotes para elogiar ou rebaixar o rival.

Outro setor muito interessado no assunto é a imprensa, sobretudo aquela apetecida pelo jornalismo literário. Esta acaba usando as figuras para ilustrar e carregar o artigo com certa dose de romance.

Aliás, essa é justamente a diferença entre o tratamento dado no Brasil e lá, com os mascotes dos times italianos.

Por aqui, olhando as torcidas organizadas, é bem comum encontrarmos versões bizarras dos mascotes, com cigarros, armas e músculos exagerados. Uma clara tentativa de intimidar rivais com esses estereótipos.

Na Itália, por outro lado, a referência é mais “amigável”. Alguns dos personagens têm até nome.

Outro ponto diferencial dos mascotes dos times italianos é a valorização e o orgulho regional. Por exemplo, clubes como Cagliari, Udinese e Pescara adotam como mascote, ou símbolo, as próprias cidades e comunas onde estão situados.

Alguns deles fazem isso até mesmo nos escudos.










Os mascotes dos times italianos




Juventus, a zebra




A Zebra Jay, mascote da Juventus (Reprodução / Facebook Juventus)

A Juventus fez das suas cores a inspiração para escolher a zebra como sua mascote.

De acordo com o Museu Del Marchio Italiano, o animal se tornou símbolo do clube por motivos óbvios: as cores. A escolha foi observada em outros outros clubes bianconeri na Itália.

A decisão, segundo o museu, veio como inspiração em uma arte assinada pelo jornalista Carlo Bergoglio em 1928.

Apesar do famoso apelido de vecchia signora (velha senhora), por ser um dos clubes mais antigos da Itália, a zebra se mantém como mascote oficial.




Inter, a víbora




A Inter em rara apresentação do seu mascote em pôster (Reprodução / Facebook Inter)

A Internazionale tem como mascote um “biscione“, que pode ser traduzido como uma espécie de serpente.

O motivo? Nada em especial, apenas uma inspiração no símbolo oficial da família Sforza, classe de governantes no período do Renascimento.

O bicho atende pelo nome de Ambrogio, o mesmo do padroeiro de Milão.




Milan, o diabo




O diabo Milanello, que leva o nome do próprio centro de treinamento do clube (Reprodução / Facebook Milan)

Chamado de Milanello, mesmo nome do centro de treinamento, o diabo é o mascote do Milan.

Alguns blogs de torcedores rossoneri afirmam que a escolha se deve ao fácil uso das cores (preto e vermelho).

Outros, mais românticos, defendem que Herbert Kilpin, primeiro treinador e fundador do time, disse que formaria “uma squadra de diabos” no ato de criação do Milan.




Torino, o touro




Pelúcia do touro, mascote do Torino (Reprodução / Granata Store)

Quem vai à Piazza San Carlo, em Turim, encontra no chão um imponente touro de bronze.

O animal é o símbolo da cidade e também do Torino, que “venceu” a rival Juventus na eleição do mascote. Tanto que, além símbolo, o animal virou apelido do clube.

Na rivalidade entre Juventus e Torino, a seleção do animal que representaria Turim também se mostrou presente. A zebra chegou a ser cogitada, mas o touro venceu a “disputa”.




Roma, o lobo




O lobo, mascote da Roma, interagindo com crianças (Reprodução / Facebook Roma)

Reza a lenda mais simbólica de Roma que os irmãos Rômulo e Remo, fundadores da capital italiana, foram salvos e amamentados por uma loba, quando recém-nascidos.

Eles foram jogados no rio Tibre, mas o animal os acolheu. Por isso, o clube giallorosso da capital se apoderou do símbolo. Enquanto mascote, o bicho virou um lobinho chamado Romolo.




Lazio, a águia




A Lazio é um dos poucos times cujo mascote é um animal de verdade (Reprodução / Facebook Lazio)

A Lazio é um dos poucos times que tem o mascote de verdade. Isto é, a águia foi adotada como um símbolo e também virou um animal de estimação.

A ave tem nome (Olympia) e, desde 2000, sobrevoa o Estádio Olímpico antes dos jogos em casa. Ela é uma das mais famosas entre os mascotes dos times italianos.

A origem, acredita-se, está gravada nos primeiros documentos gerados durante a fundação da Lazio.




Napoli, o burro




O mascote do Napoli em campanha publicitária (Reprodução / Facebook Napoli)

Originalmente, o Napoli “nasceu” tendo o cavalo como símbolo e mascote. Tanto é que o primeiro escudo de todos, em formato oval, tinha um equino branco em cima de uma bola.

Porém, em mais uma daquelas lendas, isso acabou mudando. Hoje, seu mascote é um simpático burro.

Sua escolha, dizem, surgiu diante da simultaneidade de uma temporada horrível e a popularidade de uma história. Nela, um senhor usava um burro para colher figos durante a noite.




Fiorentina, o lírio




Apesar do icônico lírio, o leão se tornou o mascote oficial da Fiorentina (Reprodução / Facebook Fiorentina)

A Fiorentina não tem propriamente um mascote, mas um símbolo. Conhecendo ou não a história do clube, é fácil de imaginar a relação com o lírio, ou flor-de-lis.

Há quem diga que o clube tentou lançar um grilo como mascote, porém não agradou.

A flor-de-lis é utilizada ao redor do mundo em diversas marcas, de diversos segmentos. Na Itália, ela é famosa por ser também o símbolo de Florença.

Em 2020, o clube pediu aos torcedores que elegessem um novo mascote. Depois de votação, o leão acabou sendo eleito o novo mascote da Fiorentina.




Sampdoria, o marinheiro Baciccia




Representação de chocolate do marinheiro, o mascote da Sampdoria (Reprodução / Facebook Sampdoria)

O mascote da Sampdoria é o marinheiro Baciccia.

Gênova é uma das principais regiões portuárias na Itália. Hoje, nem tanto, mas no passado a presença de marinheiros, com roupas e estilo estereotipados, era bem comum por lá.

Olhando o próprio escudo da Samp é possível ver a sombra de um marinheiro, com chapéu e cachimbo. Muito parecido com o desenho do Popeye.

A Sampdoria resolveu não só adotar o marinheiro, como deu a ele um nome. A escolha é um diminutivo de Giambattista, pintor italiano nascido em Gênova, que também é símbolo da área portuária da comuna.




Atalanta, a deusa




Reprodução de Eclipse da Atalanta, de Charles Meere (Reprodução / Pinterest)

A deusa que dá nome ao clube também é o modo com a imprensa se refere à Atalanta.

Ao olharmos o próprio escudo do clube com cuidado, a silhueta é facilmente visível.

Segundo a mitologia, Atalanta é a deusa da velocidade e da corrida.




Bologna, a máscara Balanzone




A máscara Balanzone, mascote mais tradicional do Bologna (Wikipedia)

O caso do Bologna é um daqueles que o mascote é uma mistura de personagem e objeto.

O Balanzone é uma espécie de máscara bolonhesa muito famosa. Porém, o nome também faz referência a um personagem bem caricato, apresentado acima.

O curioso é que não há muitos registros do uso do mascote no cenário futebolístico. Ainda que o Bologna o adote como símbolo. Talvez por isso o clube tenha lançado uma versão “leonina” pensando no público infantil.

O leão, também mascote do Bologna (Reprodução / Facebook Bologna)



Genoa, o grifo




O simático grifo, mascote do Genoa (Reprodução / Facebook Genoa)

O grifo, uma espécie de animal com cabeça e asas de águia e o corpo de leão, está no escudo e na identidade do Genoa.

A história do uso da figura mitológica é parecida com a de outros times. No caso, o grifo é símbolo também da cidade de Gênova, então o clube apenas o apossou.




Frosinone, o leão




Frosinone utilizando o seu leão para anunciar uma partida (Reprodução / Facebook Frosinone)

O Frosinone é um dos poucos times que leva o mascote para o campo, com aquela espécie de fantasia.

O leão, de nome Lillo, também está exposto no escudo do clube. A título de curiosidade e certa tristeza, o time optou pelo animal após a morte de Chicco, o cachorro que era tratado como mascote no exato significado da palavra.




Cagliari, os 4 mouros




A bandeira dos 4 mouros (Wikipedia)

Situado na ilha da Sardegna, o Cagliari faz da bandeira da região a inspiração para escolha do seu mascote.

Nela, são vistos 4 mouros com os olhos vendados. As quatro cabeças, divididas pela Cruz de São Jorge, representam eventos acontecidos em guerras na Sardegna entre 1324 a 1479 contra os mouros.

Com o passar do tempo, o escudo do Cagliari mudou diversas vezes, as os mouros continuam de uma forma ou de outra.




Bari, o galo




Galo de pelúcia em ação do Bari (Reprodução / Facebook Bari)

Dentre todos os italianos, o Bari parece ser o mais conhecido pelo seu mascote: o galo.

Diz a lenda que a escolhe foi selada em 1928, por meio de uma votação proposta por um jornal. À época, a alcunha foi bem aceita e se mantém até hoje.




Catania, o elefante




O elefante, mascote do Catania (Reprodução / Facebook Catania)

Praticamente todos já sabem que o elefante é mascote e símbolo do Catania.

Sabe o porquê? A Fonte do Elefante é o principal ponto turístico da região.

Antes, a identidade local estava diretamente relacionada a São Jorge. Porém, isso foi rompido em razão de insatisfação popular com o modo como eram governados.




Crotone, o tubarão




O tubarão nas cores do Crotone (Reprodução / Facebook Poliart by Enrico Pappalardo)

O Crotone é mais um clube que exibe seu mascote no escudo: o tubarão. Contudo, o uso em si, seja comercial ou como propriamente um símbolo da equipe, não é tão comum.

Tanto é que não vemos com frequência o animal nas divulgações do Crotone ou mesmo da torcida. Certa vez, em uma campanha do acesso, o time chegou a levar a campo um tubarão humanizado com a camisa rossoblù.




Benevento, a bruxa




Moletom com a bruxa do Benevento (Reprodução / Amazon)

O Benevento não é um dos clubes mais tradicionais e conhecidos do futebol italiano. Todavia, “até quem não conhece sabe” que o seu mascote é a bruxa. O escudo até exibe a silhueta do personagem sobre as cores amarela e vermelha.

A origem está conectada com a própria província de Benevento. Na Itália, a lenda da bruxa tem como “endereço” principal a própria região. Logo, o clube mais conhecido acabou por adotar a bruxa como símbolo também.




Salernitana, o cavalo marinho




O cavalo marinho da Salernitana aparece em quase todo objeto do time (Reprodução / Pinterest)

O cavalo marinho da Salernitana aparece em praticamente todos os lugares atrelados ao time. A justificativa mais simples está em Salerno, província litorânea da Itália.

Uma das histórias mais compartilhadas revela que, durante missão que deveria encontrar um símbolo para o clube, dentre tantos animais possíveis, o cavalo marinho apareceu para o professor e pintor Gabriele D’Alma, e a decisão foi tomada.




Palermo, a águia




A tradicional águia do Palermo (Divulgaçã)

Não há mistérios no mascote do Palermo. Afinal, desde sempre a águia está estampada claramente no escudo do clube siciliano. Mesmo quando o time precisou renascer após falência e reformular seu nome e escudo, o bicho foi mantido.

O mascote é exatamente o mesmo da Lazio, mas não há nada inspiração ou mesmo cópia entre as equipes. A justificativa é bem mais objetiva e basta olhar o emblema da cidade de Palermo para encontrar o animal lá. Em outras palavras, trata-se do símbolo oficial da cidade.




Hellas Verona, a escada Zeno




A escada Zeno e as crianças do Hellas Verona (Reprodução / Youtube Hellas Verona)

O Hellas Verona tem um dos mascotes mais curiosos do campeonato italiano. O clube simplesmente personificou uma escada, e ainda deu o nome de Zeno.

Mas tudo tem uma explicação, e até que lógica. A referência é clara a família Della Scala, importante na história da cidade. “Scala” em italiano significa “escada”. Portanto, acabou se tornando uma espécie de símbolo para os veronesi.

Porém, além do Zeno, há também registros do uso dos cachorros da raça Mastim. No escudo mais recente do Verona, é possível ver duas cabeças do cão e a escada ao centro.




Brescia, o leão




Leo é o mascote do Brescia (Reprodução / Facebook Leo la Mascotte)

O Brescia é um dos vários clubes do futebol italiano que definiram o leão como mascote. É bem verdade, porém, que o animal está presente nos escudos do time desde sempre.

O curioso é que, além de batizá-lo com o nome de Leo, o clube optou por criar a versão sem a icônica juba do animal. Por outro lado, em sua recente atualização do escudo, o leão é exibido de forma imponente, com juba e tudo.




Pisa, a torre




Vituperio, o mascote do Pisa (Reprodução / Facebook Vituperio)

Ao mesmo tempo que é óbvio, também ´perturbador imaginar que o Pisa transformou seu principal ponto turístico em mascote. Afinal, a torre acabou personificada e ganhou até nome: Vituperio.

O “problema” é que o desafio é o mesmo do Hellas Verona, que humanizou uma escada. No caso da torre de Pisa, há versões mais amigáveis e outras (como a da imagem) bem esquisitas.




Seleção italiana, o cachorro




(Divulgação / FIGC)

Em 2023, a seleção italiana também adotou a tradição e elegeu o cachorro Oscar como seu mascote oficial. O animal, da raça pastor-maremano-abruzês, foi escolhido e desenhado por Carlo Rambaldi, morto em 2012 e notável artista de efeitos especiais italiano, vencedor do Oscar nesse quesito.

Aliás, o nome do cachorro é exatamente uma referência à premiação. “Um cão tipicamente italiano, dotado de grande coragem, capacidade de decisão e intimamente ligado à história milenar da nossa terra e da sua gente, apto a representar o mais belo esporte do mundo, as paixões que desperta e o espírito italiano”, nas palavras de Gravina, presidente da federação.

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