A seleção da Itália de 2006 é uma das versões mais emblemáticas da Squadra Azzurra na história. Ao mesmo tempo que, relembrando aquela Copa do Mundo, o time de Marcelo Lippi não chegou como favorito, o elenco possuía diversos craques, e todos vivendo simultaneamente suas melhores fases.
A memória de qualquer um que acompanhou aquele mundial resgata facilmente nomes como Francesco Totti, um dos maiores jogadores da Roma, e Alessandro Del Piero, um dos maiores da Juve. Isso sem falar em Buffon, Cannavaro e Pirlo – este com passagens pelos principais campeões italianos.
Contudo, muita gente se esquece que, assim como a seleção da Itália de 2006, as outras também tinham jogadores espetaculares. E mais: espetaculares e vivendo o auge simultaneamente. A começar pelo Brasil, com seu quadrado mágico. Era difícil imaginar um time com Ronaldinho, Kaká, Ronaldo e Adriano perdendo a Copa do Mundo. Percepção parecida com a França, com Zidane, Henry, Trezeguet, Bathez, etc.
Posicionada em um grupo relativamente fácil, a Itália de 2006 foi da estreia com a Gana até a grande final com a França de maneira invicta. Apesar de ser jargão comum na análise de campanhas vitoriosas em Copa do Mundo, o coletivo acabou se sobressaindo ao individual. Tirando apresentações do lateral Fabio Grosso, que mais de uma vez foi protagonista de triunfos da Azzurra,
Aliás, de todos os jogadores italianos convocados para a Copa de 2006, apenas os goleiros reservas, Amelia e Peruzzi, não entraram em campo.
A Itália de 2006 pode ser resumida em:
Os jogadores da Itália de 2006, convocados para disputar a Copa do Mundo daquele ano, foram os seguintes (com número das camisas e os times que defendiam na época):
Marcello Lippi foi o técnico que comandou a Itália de 2006 no título da Copa do Mundo. Antes mesmo de conquistar o troféu do mundial daquele ano, o treinador j´á era um célebre nome do futebol italiano.
Não à toa seu nome está registrado no Hall da Fama da FIGC (federação italiana de futebol).
Nascido em 12 de abril de 1948, Lippi iniciou a trajetória comandando equipes no ano de 1982. De todas as experiências no futebol de clubes, é obrigatório mencionar os anos no banco da Juventus. Afinal, nas duas passagens, de 1994 a 1999, e depois de 2001 a 2004, ele conquistou parte dos maiores títulos da vecchia signora na história.
Na primeira vez pela Juve, o treinador teve à sua disposição atletas do nível de Baggio, Zidane, Vieri, Inzaghi, Deschamps, entre tantos outros. O saldo não poderia ser outro senão a conquista de uma fileira de troféus, indo de Copa Itália até Champions League.
Na segunda passagem, que iniciou em 2001, os resultados foram semelhantes, ao menos no cenário doméstico. O time que começou a ser formado naquele ano tinha Buffon, Nedved, Thuram, Zambrotta, Davids, Trezeguet e Del Piero.
A performance acabou levando Lippi para o comando técnico da Itália, em 2004. O começo, porém, não foi nada bom. Na Eurocopa de 2004, aquela vencida pela Grécia, a sua Itália não conseguiu passar sequer da fase de grupos.
Com a Azzurra, ele ficaria até o dia do título da Copa do Mundo, e retornaria novamente em 2008, mas sem o mesmo sucesso.
Se tem uma coisa que aquela Itália de 2006 não tinha era o favoritismo. Muito longe disso, aliás. Como apontado nos parágrafos acima, outras seleções viviam momentos melhores, como o próprio Brasil, que chegou para defender o título com estrelas em todas as posições, e até no banco.
Todavia, no dia seguinte à conquista da taça em Berlim, alguns pseudo-analistas chegaram a estampar jornais brasileiros com manchetes do tipo: “Itália vence a Copa mais fácil de todas”. Uma tremenda bobagem.
Dentre as rivalidades mais marcantes para a Azzurra, duas delas estiveram no caminho para a glória: Alemanha (na semi) e França (na finalíssima). Fácil para quem?
Além de poder contar com estrelas apontadas no tópico anterior, Marcello Lippi também teve a seu favor a “tradição” italiana de chegar em finais de Copa a cada 12 anos. O mundial de 2006 levou a seleção da Itália para uma decisão novamente passados 12 anos daquela de 1994. Tratando-se de jejum da conquista em si, foi o fim de 24 longos anos, mas o caminho, ao contrário da manchete brasileira, não foi fácil.
As eliminatórias da Copa do Mundo na Europa são bem distintas quando comparadas aos outros continentes. Somente o número de países envolvidos já obriga a criação de um sistema completamente personalizado.
Até hoje, as federações são separadas inicialmente em potes e, após um sorteio, distribuídas em grupos. Em cada um deles, 6 países disputam duas vagas para a Copa, sendo o 1º colocado de forma direta e o 2º por meio de uma repescagem.
Nas eliminatórias da Copa do Mundo de 2006, o grupo 5 tinha as seguintes seleções:
A Squadra Azzurra iniciou a disputa com a missão de apagar o desastre que foi a campanha da Euro 2004, quando não superou a fase de grupos. O grupo relativamente fácil acabou ajudando e, dos 10 jogos realizados, a seleção italiana venceu 7, empatou 2 e sofreu apenas uma derrota (para a Eslovênia).
Com a soma de pontos, a primeira colocação foi assegurada, assim como a ida ao mundial de 2006. Porém, o mais importante, de fato, foram preparação e montagem do elenco que venceria um dos títulos mais importantes da Itália.
Os principais nomes da campanha acabaram garantindo vaga na convocação final. Uma ausência marcante foi a de Cristian Vieri, que até apareceu no álbum oficial da Copa, mas acabou cortado e substituído por Inzaghi em por causa de uma lesão.
O sorteio da fase de grupos da Copa do Mundo 2006 colocou a Itália no Grupo E. Ao evitar o grupo da morte, a Azzurra viu o caminho do título começar assim:
A estreia dos italianos começou em 12 de junho de 2006, diante da seleção de Gana. O placar do jogo acabou 2×0, graças aos gols de Pirlo e Iaquinta. No outro duelo, a vitória por 3×0 colocou a República Tcheca na liderança do grupo.
O segundo duelo da Itália foi contra os Estados Unidos. Em tese, era o adversário mais fácil do grupo, mas que acabou resultando no confronto mais nervoso, com direito a gol contra de Zaccardo e expulsão do jovem De Rossi. O resultado final foi igualdade em 1×1.
Por fim, o encerramento da primeira fase foi concluído com uma vitória sólida sobre a República Tcheca de Nedved e Cech por 2×0. Os tchecos, aliás, acabaram eliminados da Copa do Mundo após os gols de Inzaghi e Materazzi. Naquela altura, o zagueiro italiano já tinha substituído o titular Nesta, machucado.
Na combinação de resultados, a Itália pegaria a Austrália nas oitavas de final. O país representante da Oceania ficou em 2º lugar no grupo do Brasil.
A primeira decisão da Itália de 2006 aconteceu nas oitavas de final, contra a Austrália. A expulsão de Materazzi, mais uma na carreira do zagueiro, só colaborou para tornar o jogo ainda mais dramático.
Até hoje, a partida é lembrada como uma das mais polêmicas daquele mundial. Todo porque, passados mais de 90 minutos, o placar se manteve inalterado, com clara indicação de prorrogação à vista.
Entretanto, lá pelos 50 do segundo tempo, Fabio Grosso foi à linha de fundo, mas não fez o cruzamento. Ao invés disso, ele entrou na grande área e caiu após o contato do australiano. Pênalti.
Fosse em tempos de VAR, talvez a penalidade não tivesse sido assinalada. Mas foi. Francesco Totti bateu na bola e colocou a Itália na fase seguinte.
A Ucrânia, que tinha passado em segundo no grupo da Espanha, e superado a Suíça na fase anterior, foi o adversário da Itália nas quartas de final da Copa do Mundo de 2006.
Embora em clima de decisão de jogo único, este talvez tenha sido o duelo com a melhor performance da Azzurra. Não pela superação, pois aconteceria nas semis, mas pelo domínio exercido, que acabou traduzido em dois gols de Toni e um de Zambrotta.
Nas poucas chegadas com perigo, Buffon conseguiu parar os chutes dos ucranianos, mantendo o 3×0.
Talvez, o melhor jogo da Itália de 2006 tenha acontecido na semifinal da Copa do Mundo. As circunstâncias do duelo, o adversário, o momento, o placar, os gols. Tudo acabou ajudando para escrever um duelo épico, que por questão de minutos não foi decidido nos pênaltis.
Sediado pela Alemanha, que já tinha chegado à final em 2002, o mundial viu o anfitrião a um passo de uma nova decisão. Em 4 de julho de 2006, Itália e Alemanha entraram em campo em Dortmund.
Os melhores momentos do duelo revelam que, de fato, os alemães foram melhores, assim como fizeram durante toda a Copa do Mundo. Com os então jovens Podolski e Schweinsteiger, o time se impôs em quase todo o jogo.
Apesar de raras, mas boas ocasiões, os 90 minutos não foram suficientes para alterar o placar inicial. A decisão, de fato, aconteceu na prorrogação.
Apesar disso, a semifinal também marcou o que pode ter sido a melhor partida do capitão Fabio Cannavaro. No comando da defesa, foi uma interceptação dupla do zagueiro que puxou o contra taque que selou a vitória por 2×0, e a passagem para a final.
Relembre os melhores momentos clicando no link para ver no Youtube:
Clique aqui assistir aos melhores momentos do jogo
Após garantir presença na finalíssima, a Itália viu a França superar Portugal e também chegar para a disputa em Berlim.
Os brasileiros talvez não tivessem noção do que significaria aquela decisão de Copa do Mundo. Todavia, Itália e França protagonizam (até hoje) uma das maiores rivalidades entre seleções.
O antagonismo é histórico e dá indícios até mesmo fora do futebol. Chegando a passar pelo mundo da arte e confrontos bélicos. No mundo do futebol propriamente, o acontecimento mais marcante foi a Eurocopa de 2000. As duas seleções se enfrentaram na final e, depois de 1×1 nos 90 minutos, Trezeguet acabou sacramentando o título em cima dos italianos com um gol de ouro inesquecível para ambos os lados.
Com esse antecedente, os dois países partiram para novo desafio valendo troféu.
A história daquele jogo praticamente todo mundo conhece. No primeiro tempo, aos 7, Zidane abriu o placar em cobrança de pênalti com cavadinha. Ainda na primeira etapa, aos 19, a Itália respondeu e empatou com Materazzi, após cobrança de escanteio.
Uma vez mais na história, Itália e França foram para a prorrogação em uma final. Desta vez, porém, sem a regra do gol de ouro. O caminho parecia ser mesmo a decisão por pênaltis, e foi, mas não sem antes a icônica cabeçada de Zidane no peito de Materazzi, que sacramentou a aposentadoria do craque francês com um cartão vermelho.
Com o fim da prorrogação, Itália e França partiram para os pênaltis, e os resultados foram os seguintes:
Itália:
França:
A última cobrança de pênalti foi a de Fabio Grosso, pela Itália. Quando ele partiu para a bola, bastava balançar as redes para garantir o título. Ele assim o fez e deu à Itália de 2006, uma das melhores gerações da Azzurra, o tetracampeonato mundial.
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Jornalista e admirador de quase tudo que venha da Itália – especialmente gols e comida. Jamais identificado com a cobertura do campeonato italiano, fundou o Golazzo para noticiar, entrevistar e opinar sobre o calcio.
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