O Derby Della Lanterna é o nome dado ao clássico do campeonato italiano jogado por Sampdoria e Genoa. Seguramente, o mais antigo e tradicional da Itália.
Os últimos resultados do Derby Della Lanterna, entre Sampdoria e Genoa, foram:
Uma das principais rivalidades do campeonato italiano, e que não recebe holofotes na intensidade de outros, é o Derby Della Lanterna. O jogo entre Sampdoria e Genoa é um dos maiores e mais antigos clássicos do futebol italiano.
Exportado para toda a Itália e mundo do futebol diretamente de Gênova, este derbi tem particularidades e acontecimentos que datam dos anos 1800. Neste artigo, você conhecer tudo sobre o Derby Della Lanterna, por meio de:
Por vezes, o clássico que propõe o confronto entre Sampdoria e Genoa é esquecido dentre os demais derbis. Acredite ou não, muita gente desconhece os 9 scudetti vencidos pelo Genoa. Ou ainda o domínio da Samp entre os anos 80 e 90. Contudo, essa rivalidade representa muito para a história do campeonato italiano.
Juntos, os dois times chegaram a disputar o clássico até mesmo na Serie B. O que não diminuiu a rivalidade. Aliás, o fanatismo das duas torcidas nessa época foi fundamental para manter a relevância dos clubes no futebol italiano.
A história desse clássico, ao menos do lado rossoblù, se confunde com a história do campeonato italiano. Isso porque, o Genoa não só é um dos primeiros times surgidos na Itália, mas também o primeiro campeão do campeonato italiano. Aliás, o os troféus das três primeiras edições pertencem ao Genoa.
Quem conhece os nomes completos dos times italianos está acostumado a ver as iniciais “Associazione Calcio” ou similaridades. No entanto, o Genoa Cricket and Athletic Club foge à regra.
Ora, mas como um dos times mais tradicionais da Itália possui um nome em inglês?
A história do Genoa, nascido em Gênova, mesma terra do descobridor Cristóvão Colombo, começou em 7 de setembro de 1893. O acontecimento foi fruto da iniciativa britânica de disseminar o futebol pela Europa, a começar pela península itálica.
Para se ter uma ideia da relação entre o Genoa e o futebol italiano, o primeiro torneio a ser organizado e realizado aconteceu em 1898. Isso porque, do nascimento do clube ao surgimento da federação, o Genoa – como o próprio nome revela – reduto de partida de cricket. Até porque, à época, especialmente no Reino Unido, o futebol era um esporte de operários.
Então, sabendo que a Sampdoria foi fundada somente em agosto de 1946, a rivalidade não existiu durante 53 anos? Não é bem assim. Porém, analisando o próprio nome do clube, “Sampdoria” não parece ter um nome como os demais clubes, que homenageiam ou criam variações de cidades.
Esses dois mistérios são respondidos com os nomes de dois pequenos clubes de Gênova, nascidos entre 1891 e 1895: Ginnastica Comunale Sampierdarenese e Ginnastica Andrea Doria. Em meio à pressões do fascismo, semelhante ao que aconteceu com a Roma, os dois times viram na fusão um meio para enfrentar os “burgueses” do Genoa. E assim nasceu a Sampdoria, fruto da união dos nomes, cores e identidades dos dois.
O primeiro jogo entre Sampdoria e Genoa aconteceu em 3 de novembro de 1946. Logo em seu primeiro ano de vida, a recém-nascida Samp bateu o rival por 3×0.
Assim como acontece com outros clássicos da Itália, como o Derby Della Madonnina e o D’Italia, o Derby Della Lanterna tem um nome poético. Isso é bem comum na Itália, pois quase todo confronto regional entre dois rivais recebe um nome específico.
Normalmente, esses nomes são criados por jornalistas e popularizados pelos próprios torcedores. A proposta é selecionar um grande símbolo da cidade e posicioná-lo no título. Assim sendo, o vencedor do tal derby é premiado e qualificado como o “dono” da cidade.
No caso do Derby Della Lanterna, o jogo é chamado assim por causa da Lanterna di Ginova. Isto é, o farol de 77 metros de altura, que é o principal ponto turístico e cartão postal de Gênova.
Aberto para visitação até hoje, o farol é o maior do mediterrâneo e o segundo da Europa. Conhecida pela movimentação portuária, uma das principais da Itália e do continente, Gênova tem o farol em sua paisagem desde 1543. Embora fontes não oficiais apontem a existência do projeto muito antes disso.
O estádio Luigi Ferraris é um elemento que ajuda a tornar o Derby Della Lanterna ainda mais especial. Não somente por servir de casa para ambos os times. Até porque isso é bem comum na Itália, a exemplo de Milan e Inter, no San Siro, e Roma e Lazio, no Olimpico.
O estádio foi erguido em 1911 e até hoje também “atende” pelo nome de “Marassi”. O apelido é homônimo ao bairro onde o empreendimento está localizado. Já o nome é homenagem a um jogador do Genoa, que também lutou na Primeira Guerra Mundial.
Todos esses dados e datas já tratam de apontar o Luigi Ferraris como um dos estádios de futebol mais antigos do mundo. Não só da Itália. O complexo percorreu mais de cem anos, sobrevivendo até mesmo ao período de guerras.
O Genoa sempre foi “dono” do estádio. Até porque, clube e arena surgiram como precursores do esporte e do futebol na Itália. Assim como aconteceu com o surgimento da Sampdoria, no qual times menores rivalizavam com o poderoso Genoa até a tão importante fusão, algo semelhante se deu com os estádios em Gênova.
Nesse sentido, outros centros esportivos foram erguidos e promovidos pelo regime fascista na cidade. O bombardeio durante a Segunda Guerra Mundial, porém, iniciou a demolição do empreendimento fascista, que foi concluída em 1958. Assim, a Sampdoria entrou com a solicitação – recebeu o direito – de mandar os jogos no Luigi Ferraris.
O estádio Luigi Ferraris é palco para um dos mais belos duelos de torcidas do futebol italiano. Algo atípico acontece no estádio localizado em Gênova, ainda que a festa realizada em outras regiões tenha seu reconhecimento.
Em 2009, uma reportagem do PartOfTheGame (incluída neste artigo) estudou e revelou detalhes da rivalidade de Sampdoria e Genoa. Ouvindo torcedores dos dois lados do clássico, a publicação revelou que há dois elementos fundamentais nessa disputa realizada nas arquibancadas:
Raramente as duas partes de um clássico italiano coincidem em algo, tirando a obrigatoriedade de vitória no jogo mais importante do ano. No caso do Derby Della Lanterna, os rivais entram em acordo no quesito de preparação das coreografias e mosaicos.
Na Itália, há a tradição de realizar uma festa especial nas arquibancadas, especialmente em dias de clássico. Para Sampdoria e Genoa, esse costume recebe uma dedicação fora do comum. E os próprios torcedores explicam:
Nós trabalhamos na coreografia dia e noite. Isso afeta nossos trabalhos. Muitos de nós quase não dormem durante semanas.
Quando se trata de atmosfera no estádio, somos sempre os melhores.
Adolfo, torcedor do Genoa ao PartOfTheGame
Por outro lado, os fãs da Samp adicionam um “elemento” à preparação para o derby: a pressão.
É importante aos jogadores sentirem a nossa presença. Em resposta, esperamos que mostrem o máximo respeito a nós.
Nesse caso, a batalha nas arquibancadas é tão importante quanto o resultado no jogo.
Roberto Ciccio, torcedor da Sampdoria, ao PArtOfTheGame
Já se passaram mais de 10 anos desde a gravação que colheu os depoimentos dos torcedores dos dois times. À época, as equipes estavam na Serie B, o que não diminuiu um grau sequer da temperatura do clássico.
Contudo, ambos os lados do Derby Della Lanterna já apresentavam certo orgulho por ser clássico italiano sem violência entre torcedores.
É indispensável dizer que, ao redor do mundo, jogos de enorme rivalidade são seguidos de perto de um fanatismo exagerado, que se transborda em casos de briga e mortes. Porém, a julgar pelo depoimento dos torcedores, isso deixou de acontecer em Gênova.
Anos atrás, tivemos alguns casos vergonhosos. Depois de casos como o da rua Farreggiano, decidimos que era melhor deixar de lado e concentrar na torcida nas arquibancadas.
Adolfo, torcedor do Genoa ao PartOfTheGame
O estádio fica cheio, 40 mil pessoas e nenhum caso de violência. É algo que me deixa orgulhoso da minha cidade. Gênova é a única cidade onde a polícia pode descansar em dia de derby.
Roberto Ciccio, torcedor da Sampdoria, ao PArtOfTheGame
O caso da rua Fareggiano aconteceu em 16 de maio de 1989. Dado como o evento que fez autoridades e torcedores refletirem e diminuírem os casos de violência, ele foi uma briga envolvendo duas organizadas: Fossa dei Grifoni e os Ultras Tito Cucchiaroni.
Conforme reportagem do Repubblica, o resultado da briga na rua Fareggiano resultou em “19 prisões, 7 feridos e dezenas de carros danificados”. O relato é que os envolvidos na briga chegaram a utilizar facas e pedras.
Desse incidente para frente, a diminuição de casos realmente foi observada, conforme apontaram os torcedores de Sampdoria e Genoa. Ainda que novos casos de menor proporção tenham acontecido de lá para cá, como em 2012.
O Genoa está na história do campeonato italiano como um dos times mais antigos e o primeiro campeão da Serie A. Por outro lado, a Sampdoria, ao vencer o scudetto em 1990-1991, entrou hall do italiano como um dos times mais brilhantes da liga.
Muitos desconhecem o fato de que, depois de Juventus, Inter e Milan, o Genoa aparece com o maior número de títulos da Serie A. Já a Samp detém um número maior de taças da Copa Itália.
Ainda que incomparável com os gigantes da Itália, o número de títulos do Derby Della Lanterna colabora para a representatividade do futebol genovês.
Sampdoria | Competição | Genoa |
1 | Campeonato italiano | 9 |
4 | Copa Itália | 1 |
1 | Supercopa da Itália | 0 |
1 | Campeonato italiano Serie B | 6 |
O Derby Della Lanterna, a exemplo de outros tantos clássicos na Itália, dificilmente permite ou aceita que jogadores vistam as duas camisas. Todavia, a “restrição” não é tão forte como acontece com o Derby Della Capitale. Ao mesmo tempo, não é tão flexível quanto o Derby Della Madonnina.
Ao contrário de outros times que sempre estiveram no topo do italiano, Sampdoria e Genoa disputaram o derby na Serie B durante algum tempo. Isso revela, de certa forma, que a instabilidade na tabela de classificação impediu a dupla de Gênova de ter foco na contratação dos mesmos atletas.
Mesmo assim, há diversos nomes conhecidos que não somente passaram, mas deixaram marcas nas duas metades de Gênova.
Em 3 de novembro de 1946, Sampdoria e Genoa disputaram o primeiro Derby Della Lanterna da história. Naquele dia, a Samp venceu por 3×0 e Giuseppe Baldini fez um dos gols.
Apenas com esse fato em mente, dá pra imaginar que Baldini representa muito para a história blucerchiata. Até porque, depois de se aposentar, ele chegou a treinar a equipe de Gênova. Contudo, no meio de tudo isso, Baldini resolveu vestir as cores do Genoa.
Ele jogou de 1946 a 1950 na Samp, e depois passou apenas uma temporada no Genoa. Apesar da representatividade para o futebol de Gênova, Baldini não conquistou troféus.
Títulos pela Sampdoria: 0
Títulos pela Genoa: 0
Marco Boriello faz parte da lista dos atacantes italianos esforçados, mas que não passam disso. Em uma carreira pontuada quase anualmente por empréstimos, ele vestiu as camisas de Sampdoria e Genoa – dentre tantas outras.
A exemplo de performances em outros times, Boriello não foi brilhante. Na Samp, apenas uma rápida passagem em 2005-2006. Já no Genoa, foram duas: uma por empréstimo.
Seu desempenho, e talvez melhor fase da carreira, aconteceu justamente no rossoblù de Gênova. Sem conseguir passar mais de uma temporada em um time, ele jogou pelo Genoa por duas temporadas, mas não seguidas. Por lá, ele teve as melhores médias de gol da carreira.
Títulos pela Sampdoria: 0
Títulos pela Genoa: 0
A imagem de Vincenzo Montella celebrando seus gols com os braços abertos, imitando um avião, é fácil de lembrar com a camisa da Roma. Porém, antes dos anos vitoriosos na capital, ele jogou na Sampdoria. E antes disso, jogou no Genoa.
A transferência ente rivais aconteceu na temporada 1995-1996. Montella deixou o Genoa após defender o clube apenas um ano, na Serie B, mas com números impressionantes.
Sem cerimônias, foi contratado pela Sampdoria, e fez sua estreia na Serie A. Por lá, foram 3 anos e mais de 50 gols anotados. A marca só perde para o período que defendeu a Roma.
Títulos pela Sampdoria: 0
Títulos pela Genoa: 1 Copa Anglo-Italiana
Andrea Ranocchia está para os zagueiros o que Boriello está para os atacantes. Sim, os dois jogaram (um deles ainda joga) pelos gigantes de Milão, já defenderam a Azzurra, mas sem brilhantismo.
Por Genoa e Sampdoria, Ranocchia teve rápidas passagens. No primeiro, ele fazia parte do time e acabou emprestado. No segundo, chegou por empréstimo e ficou uma temporada.
Sua carreira está mesmo na Internazionale, onde, entre idas e vindas, já passou dos 7 anos vestindo a camisa nerazzurra.
Títulos pela Sampdoria: 0
Títulos pela Genoa: 0
Os anos de ouro da Sampdoria aconteceram entre os anos 80 e 90. A redenção aconteceu na temporada 1990-1991, quando venceu o scudetto. É possível dizer que Alessandro Scanziani viveu o começo de tudo isso.
Na Sampdoria, ele fez parte do time que venceu a primeira Copa Itália da história do clube, em 1984-1985. Apesar disso, e das mais de 100 partidas pela Samp, acabou se transferindo diretamente para o Genoa.
No rossoblù, atuou por duas temporadas e se transferiu para o Arezzo, onde se aposentou.
Títulos pela Sampdoria: 1 Copa Itália
Títulos pela Genoa: 0
Jornalista e admirador de quase tudo que venha da Itália – especialmente gols e comida. Jamais identificado com a cobertura do campeonato italiano, fundou o Golazzo para noticiar, entrevistar e opinar sobre o calcio.
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