O Derby Della Capitale, também conhecido como Derby Di Roma, reúne os principais times da capital italiana – Roma e Lazio – e representa uma das maiores rivalidades do futebol do país.
Os últimos resultados do Derby Della Capitale, entre Roma e Lazio, foram:
No futebol italiano, há antagonismos regionais e outros que transcendem as vizinhanças. No primeiro grupo, há o Derby Della Capitale, que rivaliza Roma e Lazio de forma única no país.
Realizado dentro da capital da Itália, esse é um dos maiores clássicos do campeonato italiano. Neste artigo, você vai conhecer o que há de mais importante neste derby por meio dos seguintes tópicos:
É extremamente complicado calibrar a rivalidade e até mesmo o ódio presente em um jogo de futebol entre dois rivais. Se perguntarem sobre o tema na Turquia, por exemplo, a resposta será o jogo entre Galatasaray x Fenerbahçe. Na Itália, todavia, há a chance enorme de a partida Roma x Lazio ser citada.
Os sons de bombas explodindo no Estádio Olímpico de Roma, que chegaram a ser reproduzidos até mesmo em jogos de vídeo-game, são evidência de que, na capital, o derby é diferente. É bem verdade que tamanho antagonismo, impulsionado até mesmo por posicionamentos políticos, alcançou níveis intolerantes. Os episódios de violência e discurso de ódio são prova disso.
O embate da capital ainda não completou os 100 anos de outros clássicos, como o Derby Della Madonnina. Entretanto, a trajetória que divide Roma ao meio, metade biancoceleste e outra giallorossa é digna do posto de principal derby da Itália.
Em uma passagem do documentário “Forza Roma: La Storia del Derby della Capitale”, um torcedor da Roma diz: “até minha mulher sabe que amo mais a Roma do que ela“.
Em outro documentário, desta vez da ESPN, que fala das rivalidades do futebol, um torcedor da Lazio responde: “vencer o scudetto ou o derby? O derby!”.
A adoração aos dois times da capital, que chega a ser territorial, começa sua história em 1900. Mais precisamente em 9 de janeiro daquele ano, o ano de fundação da Lazio. Aliás, o nome do clube faz referência à região homônima, cuja capital também é Roma, e que em português se lê e escreve “Lácio”.
A data de fundação da Lazio é tão importante que é lembrada por seus torcedores até hoje. Nas provocações, eles dizem que “a Lazio é a primeira squadra da capital”. Sim, eles procuram evitar mencionar o nome do arquirrival a qualquer custo.
Todavia, ainda que extremamente importante, o nascimento da Lazio encontrou acontecimento marcante para sua história somente em 1927, ano do nascimento da Roma. O clube surgiu após desejo e ordem de Benito Mussolini, ditador e pai do fascismo italiano. Sua ideia era unificar todos os times da capital para fazer frente aos poderosos times do norte, como Juventus, Inter e Milan.
Curiosamente, a Lazio foi o único clube que rejeitou os planos de Mussolini. E isso é curioso, pois até hoje – e os documentários citados acima mostram isso – parte da torcida se declara assumidamente fascista, com direito à exposição de tatuagens dos símbolos do movimento.
A fundação da Roma, concretizada em 22 de julho de 1927 pela união de outros times, fez com que a Lazio perdesse expressão e holofotes na capital. Os torcedores foram “empurrados” para fora da cidade. Não à toa, os romanistas ainda rotulam seus rivais como “camponeses” ou “selvagens”.
Por ser uma questão não só futebolística, mas também de disputa territorial, a inimizade entre os clubes foi quase imediata. Algo observado até mesmo na filosofia, cores e símbolos dos times. De um lado, a Lazio optou pelo azul similiar ao da Grécia e a águia, representante das legiões romanas. Por outro, a Roma vestiu o amarelo (do Vaticano) e vermelho (do Imério Romano), e adotou a Loba, símbolo da fundação da capital.
Todo esse repertório convergiu para a realização do primeiro Derby Della Capitale em 8 de dezembro de 1929. Apenas dois anos depois do polêmico nascimento da Roma. Em campo, a jovem Roma saiu vencedora por 1×0.
Assim nasceu a maior rivalidade do campeonato italiano, que seguramente nunca terá fim.
O próprio documentário que serviu de fonte para este artigo aponta um fato específico que contribuiu para a elevação da rivalidade: os títulos de Roma e Lazio. Ou melhor, a ausência deles.
Diferente de Inter, Milan e Juventus, os dois times da capital não acumularam e não possuem muitos scudetti. Isso fez com que os moradores de Roma torcessem para Roma ou Lazio. Diferentemente de outras regiões da Itália, que viram torcedores de um local torcendo para um time de outro.
Nesse tema, as temporadas 1999-2000 e 2000-2001 são fundamentais para entendermos a rivalidade da capital. Isso porque, esses anos marcaram não somente os últimos títulos de Roma e Lazio, como o domínio romano no futebol italiano.
Roma | Competição | Lazio |
0 | Mundial de clubes | 0 |
0 | Supercopa da UEFA | 1 |
0 | Champions League | 0 |
0 | Europa League | 0 |
0 | Recopa da Europa | 1 |
1 | Conference League | 0 |
3 | Campeonato italiano | 2 |
9 | Copa Itália | 7 |
2 | Supercopa da Itália | 5 |
1 | Campeonato italiano Serie B | 1 |
Todo ano, com pelo menos dois jogos do Derby Della Capitale sendo realizados, a rivalidade escreve novos capítulos. O último capítulo a gerar entusiasmo em níveis colossais aconteceu entre os anos 1999 e 2001.
Tudo começou com o título da Lazio em 1999-2000. O triunfo do campeonato italiano não foi de enorme significância somente para o clube, mas para o torneio em si. Isso porque, olhando a lista de campeões do italiano naquele período, a liga vinha de um domínio de títulos de Juventus e Milan.
Naquela temporada, sob comando do sueco Sven-Göran Eriksson, a Lazio formou o que pode ser considerado o último esquadrão da sua história. O elenco tinha nomes do calibre de Marcelo Salas, Pavel Nedved, Verón, Roberto Mancini, Stankovic, Nesta, Simeone, Mihajlović e Simone Inzaghi.
A união de todos esses craques não poderia resultar em nada diferente do scudetto daquela temporada. Contudo, isso não foi suficiente e a Lazio acabou vencendo também a Copa Itália e a Supercopa da UEFA.
Nem é preciso dizer que a performance arrasadora da Lazio praticamente obrigou a Roma a agir.
Para a Roma, não poderia existir maneira melhor de responder o grande rival do que retribuir na mesma moeda. O time, então, venceu o campeonato italiano 2000-2001.
Na temporada anterior, quando a Lazio ergueu o scudetto ao final do torneio, a pressão subiu ao teto da Roma. Foi o que bastou para a diretoria do clube giallorosso reforçar um elenco que já era considerado muito bom, com Totti, Cafu, Candela, Emerson, Montella e tantos outros.
Para dar uma resposta à altura dos títulos do grande rival, a Roma tratou de contratar os argentinos Samuel e o artilheiro Batistuta. Sob comando de Fabio Capello, o resultado não poderia ser outro, senão o título do campeonato italiano.
A história e as disputas territoriais são motivos suficientes para justificar a rivalidade, que se transforma em ódio, entre os torcedores de Roma e Lazio.
Contudo, por se tratar de uma rivalidade local e regional, é tarefa complicada calibrar esse sentimento. Isto é, como afirmar que esse derby é mais quente que outros? Afinal, da perspectiva de cada cidade, bairro ou região, o próprio derby é considerado o maior. O problema é que o adjetivo “maior” nem sempre é algo positivo.
No caso do Derby Della Capitale, “maior” também está relacionado ao enorme potencial de gerar problemas de segurança e violência. De um lado, o fascismo declarado de parte da torcida e até defendido por alguns jogadores da Lazio. Do outro, a resposta em atos igualmente violentos, senão ainda mais, da torcida da Roma.
O que torna o Derby Di Roma tão distinto é que, além de tudo isso, há o fato de Roma e Lazio terem tido representantes da torcida em campo. Algo que os outros times dificilmente tiveram – ou chegaram perto de ter.
Para a Roma, é dispensável dizer que se trata de Francesco Totti. Também chamado de “capitano”, o eterno camisa 10 praticamente nasceu dentro do clube. As fotos de Totti atuando como gandula e, muitos anos mais tarde, se despedindo do clube no dia da aposentadoria falam por si só.
Do lado biancoceleste, Giorgio Chinaglia pode ser considerado o maior jogador da história da Lazio. Porém, o maior representante da torcida é sem dúvidas Paolo Di Canio. O italiano, aliás, foi membro de uma das organizadas da Lazio antes de iniciar sua carreira de jogador. Entre idas e vindas, caiu nas graças da torcida após marcar gols na Roma e fazer a saudação fascista, que rendeu polêmicas e multas.
O maior exemplo negativo da rivalidade de Roma e Lazio é sem dúvidas o Derby Della Capitale de 21 de março de 2004. O clássico número 154 aconteceu no Stadio Olimpico, como sempre, mas não teve um fim, como sempre.
Os fatos importantes aconteceram antes mesmo do início do jogo. As cenas violentas de brigas entre as duas torcidas nos arredores do estádio apimentaram a atmosfera do clássico. Ainda que atípicos para cultura e futebol italianos, os episódios não impediram a realização do jogo.
Em campo, Roma e Lazio foram para o vestiário após encerrar o primeiro tempo em 0x0. No retorno, o árbitro Roberto Rosetti paralisou a partida aos 3 minutos. A princípio, o motivo parecia ser o disparo de fogos de artifício e bombas no campo, que impediam a visualização por causa da fumaça.
Contudo, quase no mesmo instante, alguns torcedores da organizada da Roma entraram em campo e exigiram falar com Totti. O motivo? Uma briga generalizada acontecia nas arquibancadas. Aparentemente, os torcedores da Lazio descobriram que um menino teria sido morto por atropelamento de um carro da polícia. A situação se tornou insustentável e, aos 28 minutos do relógio que não parou, o jogo foi encerrado.
A reportagem da Gazzetta daquele dia revela que a tal morte do garoto nunca foi confirmada. O sistema de som do estádio chegou a desmentir durante a partida, tentando reverter o cenário violento. Contudo, de nada adiantou.
Até hoje, acredita-se que era desejo dos torcedores das duas torcidas que o jogo fosse paralisado. Para isso, chegaram a ameaçar jogadores e exibir faixas com os dizeres “assassinos”.
Por ser um clássico atípico, o Derby Della Capitale não “permite” que jogadores vistam as duas camisas ao logo da carreira. Pelo menos não da forma mais aberta que acontece com o Derby Della Madonnina, no qual jogadores vão diretamente para Milan e Inter, e vice-versa.
Entretanto, mesmo sem a permissão e a certeza de receber a alcunha de traidor, alguns jogadores já o fizeram. Com toda certeza não houve nenhum caso que tenha sido tão vitorioso nos dois times, mas há nomes fortes e até surpreendentes para muita gente.
Angelo Peruzzi é notadamente um dos jogadores mais representativos da Lazio. Campeão do mundo com a Itália em 2006, ele fez mais de 200 jogos pelo time biancoceleste e acabou encerrando a carreira por lá.
Porém, antes disso, ele rodou por outros times, como Juventus e Inter, e surgiu para o futebol na Roma. Sim, Peruzzi nasceu nos campos de futebol romanistas.
Bem no início da carreira, ele foi emprestado para o Verona, mas depois retornou à Roma para ser titular. Contudo, acabou sendo pego em um exame antidoping e encerrou sua história no clube.
Títulos pela Roma: 1 Copa Itália
Títulos pela Lazio: 1 Copa Itália; 1 Supercopa da Itália
A carreira de Di Biagio é parecida com a de Peruzzi. Pelo menos na relação com Roma e Lazio. Atualmente, ele é técnico da SPAL, mas enquanto jogador iniciou a carreira na Lazio.
No princípio, acabou emprestado e foi parar na Serie B e até mesmo Serie C. Voltou à Serie A com o Foggia e, na subida da carreira, finalmente chegou à Roma, onde jogou de 1995 a 1999.
Sua redenção, no entanto, aconteceu somente no clube seguinte: a Inter.
Títulos pela Roma: 0
Títulos pela Lazio: 0
Desde 2019, Mihajlovic luta contra um câncer, batalha acompanhada e suportada por todos os torcedores na Itália. Por causa da relação com a Lazio, o hoje técnico do Bologna recebeu uma linda homenagem dos torcedores no Stadio Olimpico.
Na Lazio, “Sinisa” participou e colaborou para a fase mais frutífera do clube, entre os anos 1998 e 2004. Suas conquistas com o time biancoceleste vão desde o scudetto até títulos internacionais.
A história de Mihajlovic no campeonato italiano não começou na Lazio. Tampouco na Sampdoria, sua equipe anterior. Ele saiu do Estrela Vermelha, na Sérvia, direta e primeiramente para a Roma. Porém, a aventura durou apenas duas temporadas.
Títulos pela Roma: 0
Títulos pela Lazio: 1 Campeonato Italiano; 2 Copa Itália; 2 Supercopa da Itália; 1 Supercopa da Europa; 1 Copa das Copas
Kolarov é o exemplo mais recente de todos a vestir a camisa dos dois times da capital italiano. O primeiro deles foi a Lazio, de 2007 a 2010. A performance impressionou o recém-enriquecido Manchester City, de Roberto Mancini.
7 anos mais tarde, ele volta à Itália, desta vez para defender a Roma. Há quem diga que, nos tempos de Lazio, Kolarov teria dito que jamais jogaria pelos giallorossi.
Na Roma, após marcar um gol contra a admin, ele se tornou o único jogador na história a marcar pelos dois times no clássico.
Títulos pela Roma: 0
Títulos pela Lazio: 1 Copa Itália; 1 Supercopa da Itália
Jornalista e admirador de quase tudo que venha da Itália – especialmente gols e comida. Jamais identificado com a cobertura do campeonato italiano, fundou o Golazzo para noticiar, entrevistar e opinar sobre o calcio.
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