No ano de 2017, um jogo do campeonato italiano entre Spal e Fiorentina chamou atenção por um detalhe nas chuteiras de um jogador. Quando a câmera deu um zoom em certo momento da partida, foi possível visualizar um par de calçados com dois cortes na altura do calcanhar.
Sem muita explicação, a imagem rodou e viralizou na internet quase instantaneamente. O que poucos sabiam é o fato da prática ser bastante popular entre os atletas. Alguns da própria Serie A, como Daniele De Rossi, e outros renomados, como Coutinho e Hummels.
Além deles, Nainggolan e Bale acabaram difundindo um hábito parecido e igualmente esquisito. No caso destes, foi o ato de cortar os meiões que espantou e colocou um ponto de interrogação na cabeça de muita gente.
Diante de um cenário cada vez mais tecnológico, e que entrega chuteiras e materiais esportivos melhores e de alta performance, essas práticas se mostram bem misteriosas. Entretanto, há um (ou dois) porquê(s).
A prática de cortar os meiões tem como objetivo aliviar o aperto causado nas pernas. Sobretudo na circulação de canelas, panturrilhas e pés.
As meias utilizadas em um jogo de futebol não são convencionais. A ideia é garantir conforto, mas, antes disso, deixar a caneleira firme e na posição correta.
O problema é que, para que isso aconteça, ela costuma apertar demais as pernas. Há um tipo de meião, chamado de compressão, que faz uso exatamente desse comportamento para acelerar a recuperação de lesões.
Entretanto, os efeitos causados parecem não agradar a muitos jogadores. Como solução, diversos deles têm rasgado e feito furos no acessório. Ao fazerem isso, a elasticidade das meias é comprometida, deixando-as mais folgadas.
Já o corte de chuteiras no calcanhar tem duas possíveis explicações. Porém, é certo nas duas justificativas que o objetivo disso é aliviar o contato do calçado com a pele.
A primeira causadora dessa prática são as bolhas. Problema comum na vida dos jogadores de futebol, elas são causadas normalmente pelo atrito entre a pele do pé e uma superfície em temperaturas quentes e/ou frias. Há ainda a possibilidade de serem causadas por fungos e infecções.
A outra hipótese é conhecida como síndrome de Haglund. Essa condição é uma deformidade no calcanhar, que, no caso dos jogadores, é causada pelo uso de chuteiras novas. O corte feito nas chuteiras, em tese, ajudaria a alivar as dores e prevenir o surgimento da deformação.
Como curiosidade, o zagueiro Hummels também já efetuou cortes nas chuteiras. Entretanto, no seu caso, o alvo da alteração foram os dedões.
Segundo o alemão, embora o tamanho da chuteira estivesse correto, foi preciso fazer rasgos na parte da frente para alivar as dores nos dedões, que eram muito grandes, segundo o mesmo.
Jornalista e admirador de quase tudo que venha da Itália – especialmente gols e comida. Jamais identificado com a cobertura do campeonato italiano, fundou o Golazzo para noticiar, entrevistar e opinar sobre o calcio.
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