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Revista Golazzo #2 – Pirlo e o saldo da eliminação da Juventus na Champions League

Lá no dia 8 de agosto de 2020, a Juventus espantou muita gente ao anunciar que Andrea Pirlo seria o novo técnico do time. Naquela época, a perspectiva aparente era que ninguém na Itália, bianconero ou rival, via com bons olhos ou suportava o trabalho de Maurizio Sarri. Acabou demitido, mesmo campeão italiano.

Antes da temporada partir, Pirlo ainda curtia os primeiros meses da aposentadoria como jogador. O convite foi aceito prontamente. Ele abandonou definitivamente as chuteiras e vestiu o terno. Como fazia em campo. Mas aí começaram os problemas.

Sim, no plural.

O primeiro deles partiu de quem não joga, nem treina. Isto é, torcedores e imprensa. Tem sido cada vez mais difícil assistir aos jogos do campeonato italiano, em razão de comentários e hipervalorizarão de praticamente tudo. Talvez por causa de Cristiano Ronaldo e da ampla transmissão da Serie A no Brasil, o “produto” passou a ser vendido como item das Casas Bahia, na qual os adjetivos são jogados ao ar de maneira rápida e altíssima.

A Serie A continua o torneio mais apaixonante de todos. Este blog não existiria sem essa crença. Contudo, tamanha paixão exige sinceridade equivalente ao dizer que a qualidade do campeonato italiano não melhorou. O time mais poderoso, e não o mais forte, acaba de ser eliminado nas oitavas da Champions League para o Porto. Aquele que provavelmente será campeão, sequer passou da fase de grupos. O rebaixamento tem quase metade da tabela envolvida.

Me desculpe, mas não há adjetivo no mundo que cubra esses fatos.

No caso de Pirlo, em sua estreia no comando na lateral do campo, bastou a primeira captação das câmeras para ouvirmos “olha o maestro”, “que elegância, que classe”. Um saco. Os comentários, infelizmente, não miraram as vestes do ex-jogador, pois só assim fariam sentido perfeitamente.

Na melhor das hipóteses, os elogios confundiam ou projetavam o Pirlo da camisa 21 no Pirlo com apito, boné e casaco de chuva. Erro ou precipitação? Ambos.

Do que se sabe, e se vê, a Juve apostou em Pirlo para utilizá-lo como bode expiatório da transição de time, de essência, de postura. Não necessariamente para melhor. É bem verdade que a equipe até chegou próximo de contratar Luis Suárez. Todavia, diante da polêmica impossibilidade revelada em um conturbado teste de idioma, o uruguaio não chegou. E pior. No lugar dele, com a benção de Pirlo, Morata foi contratado para substituir Higuaín. Seis por meia dúzia.

Em um país como o Brasil, talvez de maneira injusta e exagerada, Alvaro Morata, dado o número elevadíssimo de vezes que fica impedido, já estaria no banco de reservas faz tempo.

Ao lado dele, uma barca que deveria ter ido embora, e não foi. Rabiot, Ramsey, Chiesa (que até foi bem nas oitavas, mas não costuma ser), Bernadeschi, Bentancur… Os nomes podem não ter chegado (ou permanecido) por opinião de Pirlo, mas, ao ficar, ele assinou embaixo por todos eles. E pior: tem tentado executar algo que, com essa mão de obra, simplesmente não funciona.

Chame de Dinizismo, chame de Pirlismo ou chame de “não dar chutão no tiro de meta e sair tocando a bola custe o que custar”. Não tem funcionado e já custou caro. Mais uma eliminação na competição que se tornou obsessão para a vecchia signora.

A partir deste momento, esse jogo está apagado. Temos que nos mentalizar sobre o campeonato, estamos em março, ainda há jogos e temos que dar nosso melhor para subir na tabela. Sou treinador da Juventus neste momento, é apenas o começo de um projeto maior. Este é apenas o primeiro ano.

Andrea Pirlo, técnico da Juventus, em coletiva da Juve após eliminação na Champions League

No campeonato italiano, aliás, olhando com cuidado as aspas destacadas acima, “subir na tabela” não está nada perto de “brigar pelo título”. O que não faz o menor sentido, pois, estando na 3ª posição na classificação, a mínima escalada já significaria brigar pelo scudetto. É bem provável que Pirlo tenha escolhido as palavras com cuidado, tirando peso dele mesmo e do elenco, que, encaremos, não está no nível que a Juventus merece e precisa.

O Pirlo treinador não é um maestro. E não tem problema. O time da Juve não é uma orquestra. E isso tem problema. Tem muito problema. O torcedor, até mesmo os rivais, além dos apaixonados por futebol, não estão acostumados com isso. Contudo, o fã do Milan também não estava e veja o que aconteceu. O mesmo vale para a Inter.

Mas, vale lembrar, Pirlo assinou embaixo de tudo ao aceitar o desafio.

É impossível não se perguntar o que estaríamos falando de Sarri, caso ele ainda fosse treinador nessa mesma situação. Muito provavelmente, já estaria procurando emprego.

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