A não renovação do Decreto Crescita, que deve provocar uma mudança fiscal considerável na Itália, fez até mesmo o presidente da Lega A, Lorenzo Casini, temer pelo futuro do campeonato italiano. Ele concedeu uma entrevista ao programa La Politica nel Pallone da Rai Gr Parlamento, na qual destacou “os danos econômicos e a impossibilidade de contratar craques”, caso a situação persista dessa maneira.
A alteração na tributação se justifica pelo fim do Decreto Crescita, cuja vigência estava prevista para encerrar no último dia de 2023. Com o decreto, os times italianos se beneficiavam na contratação e pagamento de salários de jogadores. Sem ele, os valores pagos em todas essas transações são ajustados com acréscimo de impostos, o que deve comprometer as negociações futuras.
No futuro imediato haverá vários danos e até alguns paradoxos. Os danos são econômicos, menos recursos e menos competitividade das equipes italianas, que não conseguirão trazer para Itália, ou trazer de volta para a Itália, craques e campeões, como aconteceu nos últimos anos.
Lorenzo Casini, presidente da Lega A
Segundo Casini, a perda de bons jogadores é apenas um dos problemas que a nova realidade provocará na Itália. Até mesmo a própria arrecadação foi lembrada pelo presidente na sua entrevista.
Basta olhar os resultados nas copas europeias da temporada passada. Os paradoxos são que não haverá receitas maiores para o Estado. Na verdade haverá menos receitas para o Tesouro. A juventude italiana e os clubes juvenis serão prejudicados. Passará a existir o regime ordinário com salários de até 600 mil euros e, portanto, na realidade, os jovens serão os menos protegidos.
Lorenzo Casini, presidente da Lega A
Conforme indica o blog do jornalista Di Marzio, o Decreto Crescita não é um artifício que mire exclusivamente o futebol, mas cujo impacto é observado de maneira mais impactante no esporte.
O decreto entrou em vigor em 2019 com a proposta de reduzir a tributação para estrangeiros ou italianos que estiveram dois anos fora do país e retornaram. O decreto funciona também como um complemento de uma lei de 2017, cujo texto é similar, no sentido de beneficiar com “uma taxa fixa de 100 mil euros sobre todos os rendimentos de origem estrangeira por um limite máximo de 15 anos”.
Graças a percentuais que chegam a 50%, dependendo do caso, sobretudo os clubes de futebol conseguiram manter jogadores caros e trazer outros para o futebol italiano. É como se, ao invés de dedicar 4 milhões de euros para pagamento de salário a um jogador, a equipe precisasse pagar apenas 2 milhões, por exemplo.
O Decreto Crescita tinha como “data de encerramento” o dia 31 de dezembro de 2023 e simplesmente não foi renovado pelo governo italiano.
No futebol italiano, a queda do decreto acabou simplesmente transformando o mercado de inverno. Na Europa, a janela de transferências é reaberta no meio da temporada, entre dezembro e fevereiro, período mais frio no continente. Sem a vantagem tributária, os clubes da Itália entraram na janela reféns de valores novos e agregados.
Entretanto, talvez pensando exatamente no impacto causado no futebol, o decreto acabou renovado até 29 de fevereiro de 2024, o que deu respiro para os times atuarem nas negociações ainda se valendo da regra antiga. Todavia, não há qualquer garantia de novos prolongamentos da lei.
A interrogação sobre o futuro da taxação na Itália liga o alerta para manutenção de absolutamente todos os times, mas especialmente aqueles que gastam cifras superiores com salários.
Na atual temporada, a Juventus lidera o ranking dos custos com 429,45 milhões de euros. Na sequência aparecem Napoli, Milan e Inter.
Confira o ranking completo publicado pelo SKY Sports:
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Jornalista e admirador de quase tudo que venha da Itália – especialmente gols e comida. Jamais identificado com a cobertura do campeonato italiano, fundou o Golazzo para noticiar, entrevistar e opinar sobre o calcio.
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